O ano era 1954. Berna era a cidade que recebia a final da Copa do Mundo. Em campo, a Hungria, um time que encantava o mundo e era o absoluto favorito. Do outro lado, uma Alemanha desacreditada, que defendia um país que buscava se reerguer depois do inferno vivido na Segunda Guerra. O que aconteceu virou filme e entrou para a história.
Até pelo início de jogo. Chovia muito em Berna e os húngaros prometiam uma chuva de gols com dois tentos em menos de dez minutos. Puskás, com arremate firme de canhota, e Czibor, depois de deixar o goleiro Turek pelo caminho, adiantaram a seleção favorita e deixaram o título ainda mais perto. Só que, ao contrário de tudo o que se esperava, a Alemanha reagiu.
A reação foi tão fulminante quanto o início húngaro: Max Morlock deu o primeiro aviso em um gol "chorado", e Helmut Rahn empatou. 2 a 2 em menos de 20 minutos de partida. A chuva de gols apareceu, mas para os dois lados. E o mundo viu uma das melhores finais da história das Copas.
A partir de então, a pressão de Puskás e companhia em busca da vitória foi enorme. Turek, experiente goleiro alemão do Fortuna Düsseldorf, fez grandes defesas, e até a trave salvou. A Hungria tentou, martelou, mas nada de recuperar a vantagem no marcador.
Até que, faltando cinco minutos para o fim, Rahn reapareceu. O atacante ficou com sobra de bola na entrada da área, levou para a perna esquerda e bateu no cantinho, sem que Grosics alcançasse a bola. Estava escrita a história, e a Alemanha era, pela primeira vez, campeã do mundo, na virada que ficou conhecida como "O Milagre de Berna".
Texto: Felipe Mendonça
Foto: Reprodução