Copas do Mundo
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Copa do Mundo de 1986
México

Era para a Colômbia ter sido a sede do Mundial de 1986. Mas o país entrou em colapso financeiro e não conseguiria receber o campeonato. O evento foi transferido, então, para o México, que topou o desafio. Isso tudo apenas três anos antes da Copa ― sendo que no meio do caminho o México ainda foi abalado por um terremoto. Mas trato é trato, e o país conseguiu organizar o torneio, tornando-se o primeiro a receber a Copa duas vezes.

Os 24 países classificados para o Mundial de 1986 foram divididos em seis grupos de quatro. De acordo com a regra, seriam classificados para a fase seguinte os campeões dos grupos mais quatro terceiros colocados com melhor campanha.

Os jogos começaram a todo vapor, no dia 31 de maio, já definindo os classificados, os azarões, as surpresas e as decepções. A grande estrela da primeira fase foi a Dinamarca, seleção que depois ficaria conhecida como Dinamáquina. Sep Piontek, técnico dinamarquês, armou um esquema com líbero e os laterais jogando como se fossem alas, o 3-5-2. Atropelou o Uruguai por 6 a 1 e a Alemanha Ocidental por 2 a 0. Além do esquema, a seleção dinamarquesa contava com nomes como Michael Laudrup, grande cérebro do time, e Elkjaer-Larsen, goleador da equipe.

As oitavas de final começaram e as surpresas continuaram. A Dinamáquina, que havia passado como um rolo compressor por todos os adversários, enfrentaria a Espanha. A Dinamarca saiu na frente e jogou muito bem o início da partida. Mas a Espanha reagiu e mostrou um lindo futebol, goleando por 5 a 1. Emílio Butragueno, o “Abutre”, fez 4 gols. E a Dinamarca voltou para casa.

O Brasil, que vinha ganhando (ainda que sem convencer), bateu a Polônia por 4 a 0, dando indícios de que iria embalar. Nesta partida, o polonês Zmuda jogou apenas sete minutos e bateu o recorde do alemão Uwe Seeler, de maior número de partidas disputadas em Copas. O alemão tinha 21 partidas e foi ultrapassado por Zmuda.

A supersticiosa seleção italiana ― que havia até exigido viajar ao México com a mesma tripulação que a levou para a Espanha em 1982, quando foi campeã ― acabou batida pela França e também voltou para casa. Só não se sabe se com a mesma tripulação. No último jogo das oitavas, a Alemanha suou para vencer o Marrocos por 1 a 0. A primeira seleção africana da história a passar da primeira fase, dirigida pelo brasileiro José Faria, vinha bem na competição e não tinha perdido até então. Terminara a fase de classificação em primeiro, com uma vitória e dois empates. Mas Lotthar Matheus acabou com a boa campanha dos marroquinos com um gol aos 38 do segundo tempo.

As quartas de final reservariam fatos que ficaram para a história das Copas. No jogo em que o Brasil enfrentou a França aconteceu de tudo. Foi um teste para os nervos dos brasileiros. Careca abriu o placar para a nossa seleção, dando esperança de que as coisas dariam certo naquele dia. Mas Platini, o gênio do meio campo francês, empatou a partida. Zico, no banco por conta de problemas no joelho, entrou em campo para tentar resolver.

Logo após a sua entrada, teve a oportunidade que queria para desempatar a partida, mas... Branco invadiu a área francesa e foi derrubado: pênalti! Zico se aprontou para a cobrança, bateu e o goleiro Bats foi buscar. O jogo seria decidido nos pênaltis.

O Brasil começou batendo. Perdeu com Sócrates que, extenuado, nem tomou distância e chutou a meia altura, onde os goleiros gostam. A partir daí, as cobranças convertidas foram se alternando, inclusive a de Bellome, que bateu na trave, nas costas de Carlos e entrou. Aí veio Platini, exausto. Todos diziam: “Esse não erra”. Isolou! E o Brasil voltou ao jogo. Mas na cobrança seguinte, Julio César acertou uma pancada que explodiu na trave. Fernandez selou a classificação francesa para a fase seguinte.

No outro jogo das quartas de final, a “mano de Dios” estava presente e ajudou a Argentina a pular mais uma fase na competição. Maradona já era até ali o grande astro do torneio e, após o jogo contra a Inglaterra, viraria mito, a ponto de ter, anos depois, uma igreja com seu nome, a Igreja Maradoniana. Entre os milagres de Maradona estão os gols que ele fez contra os ingleses. 

O jogo foi pegado durante todo o primeiro tempo, e as equipes saíram para o intervalo sem tirar o zero do placar. Na volta, tudo mudou, e em pouco tempo. Por causa de Maradona. Aos cinco minutos do segundo tempo, Maradona arrancou com a bola e tocou pra Valdano na frente da grande área. A bola escapou e o beque inglês deu um bico para cima. Maradona, que continuou acompanhando o lance, foi dividir no alto com o goleiro inglês Shilton. Dieguito esticou o braço, mas não a ponto de ficar visível. Ganhou de Shilton e abriu o placar para os hermanos. A reclamação dos ingleses foi forte, mas mais forte ainda era Maradona. Argentina 1 a 0 Inglaterra. Anos depois, perguntado sobre aquele gol, Maradona disse que havia sido a “mano de Dios”.

Cinco minutos depois, o golpe de misericórdia. Um golaço, que só os gênios podem fazer. Diego começou a jogada ainda no meio de campo, passou por um, dois, três, entrou na grande área, passou por mais um, pelo goleiro e tocou para o gol vazio. Obra-prima! Pintura! Um golaço! O narrador de uma rádio argentina chorou. Se a Copa acabasse ali, não haveria problema algum, ninguém reclamaria. Os argentinos, por conta da Guerra das Malvinas e pela crescente rivalidade com os ingleses, estavam vingados. Lineker ainda descontou no final, mas nada mais fazia sentido. Fim de jogo: 2 a 1 para a Argentina.

As quatro seleções das semifinais eram Argentina, Bélgica, França e Alemanha. Com mais dois gols de Maradona, a Argentina carimbou sua passagem para a final. Na outra semifinal, a Alemanha venceu a França por 2 a 0.

A final seria entre Argentina e Alemanha, dois ex-campeões do mundo. Com o estádio Azteca lotado, o jogo foi transmitido para 2 bilhões de telespectadores. O árbitro da partida foi o brasileiro Romualdo Arppi Filho. Os argentinos abriram o placar aos 22 minutos, com Brown. Aos 10 minutos do segundo tempo, Valdano marcou mais um: 2 a 0 para os argentinos. Mas a Alemanha jamais se daria por vencida. Com gols de Rumenigge e Voller, aos 28 e 37 minutos, respectivamente, a seleção conseguiu empatar o placar. Aos 39 minutos, Maradona achou Burruchaga por trás da zaga alemã. Fez o lançamento, que terminou com o gol do título. Final de jogo: 3 a 2 para a Argentina. A equipe sul-americana era bicampeã mundial. Dessa vez, sem nenhuma contestação. 





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