Ficou registrado em um guardanapo de papel: “Nome: PR Clube; Camisa: Tric. azul, vr, bco; Local: Capanema - bola; Símbolo: Águia Dourada, Araucária (pinheiro); Slogan: O poder da realização”. As informações resumiam os dados de um novo clube e foram escritas durante um almoço no restaurante Veneza, no famoso bairro curitibano de Santa Felicidade. Dividiram a mesa três representantes do Colorado Esporte Clube e três do Esporte Clube Pinheiros.
A ideia de juntar os dois clubes em uma nova agremiação havia surgido em junho de 1988, quando a diretoria do Pinheiros percebeu que o potencial de crescimento da torcida do clube seria limitado nos anos seguintes. Ainda de maneira tímida e sigilosa, pinheirenses e colorados passaram a estudar uma possível fusão entre os clubes. Mais de um ano depois, após muitas reuniões e acertos, os representantes dos dois times fariam o almoço que culminou com a fundação do Paraná Clube.
O nome Paraná foi decidido por unanimidade. A nova equipe, que juntava jogadores experientes a outros vindos de categorias de base dos dois clubes, em pouco tempo mostraria sua força. Entre 1989 e 1999, o clube conquistou seis vezes o Campeonato Paranaense de Futebol. O primeiro título veio em 1991, e foi seguido por um pentacampeonato, entre 1993 e 1997.
No Campeonato Brasileiro, o clube saltou da terceira para a primeira divisão em apenas três anos de existência. Internacionalmente, participou da Copa Conmebol, da Copa Sul-Americana e da Libertadores da América. O Paraná e seu futebol conseguiram não só unir dois times, como fazer jus aos lemas que o identificavam:“O poder da realização”, do lado do Pinheiros, com “A alegria do povo”, da herança do Colorado.
A casa do Paraná foi inaugurada em janeiro de 1947. Era o templo do então Clube Atlético Ferroviário, construído no antigo terreno da chácara do Marquês de Capanema. Sua inauguração causou alvoroço em Curitiba. Em 1950, o estádio recebeu duas partidas da Copa do Mundo: Espanha e Estados Unidos, em 25 de junho, e Paraguai e Suécia, no dia 29 de junho.
O nome, Estádio Durival Britto e Silva, foi uma homenagem ao superintendente da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina quando o estádio foi construído (na época da construção, o terreno era de propriedade da empresa, que foi responsável por fundar o Atlético Ferroviário). Mas os torcedores sempre chamaram o palco de Vila Capanema.
Em 1971, o campo passou a ser do Colorado Esporte Clube, agremiação que resultou da fusão do Ferroviário com dois outros times de Curitiba. Dezoito anos mais tarde, em 1989, o Colorado se juntaria ao Esporte Clube Pinheiros e o estádio passaria a ser do Paraná Clube.
A Vila Capanema foi usada pelo Paraná até 2003, quando o Estatuto do Torcedor determinou que o estádio deveria ter capacidade mínima para 15 mil pessoas. Em 2005, diante do incansável apelo da torcida paranista para o time voltar a atuar em casa, o clube realizou uma campanha chamada “Vila, tá na hora!”. O palco foi reformado e se adequou aos requisitos do Estatuto. Em 20 de setembro de 2006, os torcedores voltaram para casa, que agora tinha capacidade para pouco mais de 20 mil pessoas.