Copas do Mundo
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Copa do Mundo de 1994
Estados Unidos

A ideia de João Havelange, então presidente da FIFA, era difundir o futebol nos Estados Unidos. Por isso, deu aos norte-americanos a oportunidade de sediar a décima quinta edição da Copa do Mundo. Com uma exigência: o país deveria criar uma liga de futebol  ― o que acabou acontecendo em 1993, quando foi criada a Major League Soccer (MLS), que começou a ser disputada em 1996.

A Copa de 1994 começou como todo norte-americano gosta, com uma grandiosa abertura. Que teve uma bola muito fora... A cantora Diana Ross estava escalada para bater uma penalidade no meio de uma de suas canções, mas quando partiu para a cobrança jogou a bola na lua, arrancando um “ohhhhh” dos quase 64 mil espectadores presentes ao Soldier Field, em Chicago. Mal sabiam eles que o Mundial também terminaria daquela forma.

A Copa do Tio Sam foi um sucesso, principalmente em relação ao público dos jogos. A média de 69 mil pessoas por partida bateu de longe a média histórica, que era de 53 mil pessoas. Ao todo foram 3,6 milhões de bilhetes emitidos para os 52 jogos do torneio.

Quando a bola rolou, muitas seleções reclamaram do calor fortíssimo que fazia ao meio-dia, horário de algumas partidas. Era o pico do verão americano e até houve um movimento para que os horários fossem alterados, mas isso não aconteceu. A partida entre Alemanha e Coreia do Sul, pelo grupo C, registrou a maior temperatura em jogos de Copa do Mundo: 46°C.

Além desse recorde, outros dois foram batidos durante a competição. O jogo entre Rússia e Camarões, já sem validade para as duas eliminadas seleções, terminou 6 a 1 para os russos. Oleg Salenko marcou cinco vezes e se tornou o jogador a marcar mais vezes em apenas um jogo. Já pelo lado camaronês, Roger Milla, autor do único tento da equipe na partida, transformou-se no jogador mais velho a disputar e a marcar em uma partida de Copa do Mundo, aos 42 anos e 39 dias.

Alguns fatos tristes também marcaram a competição, como a suspensão de Maradona por doping. A Argentina tinha acabado de derrotar a Grécia por 4 a 0 e dava mostras de que poderia chegar novamente. Mas Maradona, em sua última Copa, acabou com o sonho, quando o teste do doping deu positivo. Outro fato que ficou para o rol das tristezas da Copa de 1994 foi o assassinato de Andrés Escobar. O zagueiro colombiano fez um gol contra no jogo diante dos Estados Unidos e foi morto na volta ao seu país. O crime teria sido a resposta de um grupo de apostadores que tinham investido alto no escrete colombiano.

Mas a Copa do Mundo não parava, e grandes jogos estavam rolando. O Brasil enfrentou os EUA pelas oitavas de final em um jogo duríssimo no dia da Independência norte-americana . E sofreu, como sofreu. Torcida adversa, calor insuportável e um jogador a menos boa parte do jogo. O lateral esquerdo Leonardo deu uma cotovelada em Tab Ramos, meia dos Estados Unidos, e foi para o chuveiro mais cedo. Sorte que o Brasil tinha Romário. O baixinho estava impossível. Foi para cima, serviu os companheiros, driblou, chutou, fez de tudo. No segundo tempo, arrancou no meio da defesa adversária e serviu Bebeto, que bateu cruzado e fez 1 a 0, acabando com o sufoco.

Brasil e Holanda nas quartas de final foi um teste para os cardíacos. O que parecia ser fácil para o Brasil acabou em uma disputa ferrenha pela vaga. No segundo tempo, depois de abrir 2 a 0 com a dupla Bebeto e Romário,  a seleção canarinho esmoreceu. Ficou olhando a Holanda jogar e preparar o bote. Bergkamp fez 2 a 1 e não demorou para Winter empatar de cabeça.

A situação ficou complicada para o Brasil. A Holanda cresceu. Até que Branco fez boa jogada pela esquerda e recebeu a falta. Ele mesmo bateu, acertou um canudo no canto esquerdo do goleiro De Goeij e classificou o Brasil para as semifinais. Mais uma vez, o adversário brasileiro seria a Suécia, equipe que a seleção já havia batido na primeira fase.

Do outro lado da tabela, a Itália vinha cambaleando durante a competição. Passou raspando pela fase de classificação, em um grupo mediano que tinha México, Irlanda e Noruega (e no qual foi superior apenas no número de gols marcados). Na partida contra a Noruega, o goleiro italiano Gianluca Pagliuca foi expulso e entrou para a história como o primeiro arqueiro expulso em Copas do Mundo. A partir das fases eliminatórias, a Itália cresceu, assim como sua estrela Roberto Baggio. Eliminou Nigéria, Espanha e Bulgária, todas por 2 a 1, e foi fazer a finalíssima contra os brasileiros.

O jogo final foi uma loucura. As duas equipes se estudaram bastante e houve pouco risco, jogadas e lances criativos. As tímidas investidas da seleção italiana aconteciam por Massaro, atacante que estava muito sozinho no meio da defesa brasileira. O Brasil tentava as triangulações e os arremates de fora da área. Em um deles, Mauro Silva chutou, a bola escapou das mãos de Pagliuca e bateu na trave, voltando para o domínio do goleiro. Pagliuca deu um beijo na trave, agradecendo-a pelo favor.

O placar não saiu do zero e o jogo foi para a prorrogação. Um drama para quem ia enfrentar mais 30 minutos de partida debaixo de um calor insuportável. Mesmo assim as duas seleções não deixaram de jogar. Baggio estava sumido, mas tentou alguns chutes a gol. Romário perdeu gol feito após bom cruzamento de Cafu. Viola entrou esperto, enfileirou alguns defensores italianos, rolou para Bebeto, que bateu travado. Depois tentou chutar de longe, mas isolou. A decisão estava com cara de pênaltis. Seria a primeira decisão por pênaltis na história das Copas.

As cobranças começaram, e o placar continuou no zero. Baresi, um dos maiores zagueiros de todos os tempos, e Marcio Santos perderam suas cobranças. Vieram, na sequência, Evani, Romário, Albertini e Branco. Todos converteram. Massaro desperdiçou e Dunga colocou o Brasil em vantagem. Aí apareceu o sumido Baggio, que bateu por cima e deu o tetra ao Brasil. A comemoração foi ao som do Tema da Vitória, música tocada em todo grande prêmio de Fórmula 1 vencido por Ayrton Senna, que havia morrido meses antes em um acidente no circuito de Ímola na Itália.





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